novembro 20, 2014

Damn, what's the deal with…? #2

E não é que, afinal, consegui arranjar assunto para um segundo tomo da colecção Damn, what's the deal…? ? É que, se é verdade que virtualmente tudo me irrita, às vezes a vontade e inspiração para escrever não abundam. A bílis que me sobe ao esófago, no entanto, impele-me a deitar toda a exasperação cá para fora e exorcizar os demónios, de maneira que cá estamos.
Sem mais delongas, passo a apresentar o tema de hoje da rubrica what's the deal.

Damn, what's the deal with Pedro Chagas Freitas's fan 'literature'? 

Em primeiro lugar, devo esclarecer que estou a usar o termo 'literatura' de forma muito liberal. O que Pedro Chagas Freitas escreve não pode ser classificado de literatura. É verborreia que, por algum motivo que me ultrapassa, é glorificada e elevada ao estatuto de literatura.
"Ai, mas ele descreve tão bem o espírito humano e o amor incondicional que somos capazes de sentir por outra pessoa" ou uma merda do género. Não! Ele não descreve nada bem.
Vamos usar "Amo-te tanto, meu amor" para efeitos exemplificativos. Ele pega nessa ideia e escreve dez páginas com variações lamechas da mesma frase. Até se poderá argumentar que ele é um 'escritor', vá, romântico, à la Nicholas Sparks, mas claramente não aprendeu com o seu ídolo. Parece-me que o Nick Sparks é um bocadinho mais diversificado, não nos temas, mas na palete sintáctica.
Não obstante estes óbvios problemas (graves para quem se intitula o "Mourinho da escrita"), o Chagas Freitas conseguiu a proeza de arrebanhar uma legião de fãs que o colocaram no primeiro lugar no top de vendas de ficção e em 90% das toalhas de praia no Verão passado.
Com os fãs, chegam os imitadores, esperançados de lhe reproduzir o estilo e o sucesso.

O que é que isto tem a ver comigo se eu fujo de tudo o que se possa assemelhar com um livro seu?

Sucede que há "imitadores" infiltrados nos meus amigos do Facebook. Os resultados são assustadores e deixam-me num conflito de sentimentos, que passam do riso incontrolável, para a incredulidade, para a vergonha alheia e consequente vontade de dizer à pessoa que pare de arruinar a sua vida social, para voltar à incredulidade e ao divertimento.

Num destes dias, percebi que o fenómeno estava a crescer e estava tornar-se inescapável e, como não posso dizer às pessoas que é estúpido e mau e não traduz qualquer talento ou sensibilidade artística intrínseca (porque 90% das toalhas de praia), sou forçada a gozar com elas e, claro, a reproduzir alguns trechos.

*ahem*

A água que lhe corre pelo corpo não é só água, é a água dela. A água que lhe escorre pelo cabelo, não é só água. È a água do seu cabelo. A água que lhe escorre pela pele perfeita, suave, encantadoramente suave é uma água mais feliz do que as outras águas. Sempre me inspirou a água. quero toda a água. Seremos nós capazes de nos fundir como a água que te escorre pelo corpo... Uma fina, quase imperceptível camada de ti que passa por ti, que é tua, ou por breves momentos é tua, a tua água.... Dá-me a tua pele. Prometo ser água.

Ou ainda:

Bates devagar e inesperadamente à porta, e entras, convicto de que o breve toque serviu para pedir licença. Podias ficar na ombreira da porta, simplesmente a observar, mas gostas de desbravar sem te fazeres notar. Entras sem pedir licença, envolto em nevoeiro, mas consigo sentir a tua presença. Vejo-te mal, mal consigo ouvir-te e, aquilo que oiço, interpreto de forma ambígua. Mas sinto-te (oh se sinto), e já me habituei à tua presença desfocada. Entraste sem pedir licença, mas fixaste-te junto à lareira e quando me aproximo, de mansinho, sinto o calor do fogo que crepita e que dissipou o nevoeiro. Olho e já consigo ver-te, continuo sem ouvir-te, mas sinto-te, e isso basta-me. 

And so on, and so on, porque este tipo de coisas pulula pelo Facebook fora. 
Se só tivesse de dar de caras com uma xaropada destas de vez em quando, vivia bem. Desgraçadamente, esta gente é incentivada por "amigos", que exclamam que estas… coisas são lindas, maravilhosas e tocantes. Vão mais longe! "Promete que escreves um romance, que vou ser o primeiro a comprar". Hã? Estas pessoas saberão que há muitos mais livros desta natureza que romances de jeito? Que estas merdas vendem que nem pãezinhos quentes e que estes Chagas Freitas wannabes não vão passar disso mesmo?

Eu sei que isto é energia desperdiçada, que é um esforço inglório, mas lutarei contra a Pedro Chagas Freitas fan 'literature' até a vida me permitir!
Por favor, façam também a vossa parte. Por amor ao mundo e à sanidade mental global. Em prol do bem comum.

novembro 07, 2014

Damn, what's the deal with…? #1

Hoje vou inaugurar uma rubrica: Damn, what's the deal with…? É um espaço onde tudo me será permitido, em particular discorrer bílis sobre questões que me irritam em profundidade. Se me conhecessem (vocês, leitores imaginários, com quem converso durante tempos mortos no duche, quando não estou a ter ideias brilhantes que nunca ponho em prática porque sou uma procrastinadora crónica), saberiam que virtualmente tudo me irrita. No entanto, devido a algumas incapacidades que me impedem de ser uma pessoa completamente funcional (e nesta altura remeto-vos para o parênteses anterior), este Damn, what's the deal with…? #1 será, com elevado grau de probabilidade, o único.
Sem mais delongas, presenteio-vos com

Damn, what's the deal with Cristina Ferreira?

Cristina Ferreira - apresentadora de televisão, autora (?) de livros de culinária e, aparentemente, blogger

Por algum motivo obscuro, esta pessoa caiu nas graças de todos e de lá ainda não saiu. Ora que é muito simpática, ora que é bonita, ora que é, dizem, sexy. A mulher está em todo lado. T-O-D-O! De cada vez que vou às compras e estou à espera na caixa, constato que ela agracia a capa de 9 em cada 10 revistas. Se tenho de estar numa qualquer sala de espera, é claro que a TVI está ligada e tenho de levar com a senhora. Seja de manhã, de tarde ou de noite. Não interessa a hora ou o dia da semana, ela está sempre lá. Ontem, percebi que nem no Facebook me safo. Eu não a procuro, mas ela encontra-me. Grupos de emprego? Cara Cristina, seja bem vinda! Case in point:


A minha questão é: porquê? Por que é que o histerismo da senhora ainda não fez ninguém com poder pensar "bolas, que a gaja fala sempre a um volume que faria um cão fugir! Se calhar, é melhor tirá-la da televisão". Mas não, inexplicavelmente, cada vez mais pessoas gostam dela. Conheço pessoas inteligentes e cultas que dizem, e cito, "ela podia ficar caladinha, mas é muito bonita". A sério? Se fosse às terreolas do Portugal mais profundo, onde o banho diário e a roupa do século XXI ainda não chegaram, encontraria, com toda a certeza, mulheres mais bonitas que ela. Quando muito, iguais a ela, só que sem a produção. É assim tão mau. 
Se a cara Cristina se ficasse pela parolice e pelo histerismo, ainda era como o outro. Mas não. Ela é burra. Fosse ela esperta e tudo seria perdoado. Que raio de poder modificador da mente será emitido pela TVI para que haja todo um país rendido a esta bimba? Que se sente impelido a saber tudo sobre a sua vida privada, que é habilmente explorada e manipulada? Que a cita como exemplo para a vida?
Há aqui um poder oculto em acção que, arrisco dizer, entra quase no território das teorias da conspiração. Se calhar, é o rei da civilização superior reptiliana que está por detrás disto em preparação da tomada de poder.
Não tarda nada e torno-me numa presença assídua nas actividades da Nova Acrópole numa tentativa desesperada de tentar explicar este fenómeno. Daí até me tornar numa profeta do Apocalipse é um passinho.
E é isto que a Cristina Ferreira faz. Dá com uma pessoa em tola. 

Stay tuned for the next Damn, what's the deal…?