agosto 28, 2014

Damn, they're deceitful

Verão não é Verão sem um extenso rol de produtos para emagrecer. Moro perto de uma farmácia e todas as semanas estão a anunciar um 'medicamento', digamos, novo. Agora é o café verde e antes dele foi a cetona de framboesa, seja lá o que isso for. Claro que Verão também não é Verão sem pelo menos 27º em 50 de 90 dias e, no entanto, cá estamos. Não obstante o Inverno prolongado Primavera e Verão adentro, as pessoas regulam-se pelos meses e presumem que, se é Agosto, há que mostrar pele, nem que seja de galinha. Vai daí, o pessoal - e por pessoal, quero dizer mulheres - está muito preocupado com comentários jocosos alheios (entre os quais, devo confessar, os meus) e procura o último comprimido milagroso que lhe permita parecer a modelo de lingerie da marca do Lidl sem movimentar mais músculos que não os envolvidos no processo de levar uma garrafa de água à boca e beber. Ah, e sem deixar comer uma caixa diária de rolinhos Favorini. Mais uma vez o Lidl. Acho que o Lidl me devia pagar. Ouviste, Lidl? Ou melhor, hast du gehört, Lidl?

Neste cenário, é normal ver anúncios a comprimidos para emagrecer em tudo quanto é canto. O que eu nunca esperava ver era uma marca que nada tem a ver com a embusteira indústria do emagrecimento a usar as inseguranças e a inacreditável credulidade da mulherada para se publicitar.

Se, como eu, sobem uma encosta todos os dias para ir para o trabalho, percurso ao longo do qual vêem passar 5 ou 6 autocarros, enquanto pensam, suados por todos os lados, "que bem que se deve ir de cu tremido dentro do autocarro climatizado, mas seria estúpido porque moro a 1km do trabalho", então com certeza já terão visto, espetado num autocarro, um anúncio cujo slogan é qualquer coisa como 'livre-se das gorduras'. Ao lado destas três palavras mágicas aparece uma mulher jovial que exibe um sorriso despreocupado e feliz, obviamente sem aqueles pneus laterais que às vezes são tão aerodinâmicos como as orelhas do Dumbo. O que é que qualquer mulher pensa? "É isto. É agora que vou perder 30kg e começar a viver a vida como sempre quis".

Mas há mais! Todos gostaríamos de obter o corpo ideal sem mexer uma palha, mas ninguém quer pagar por isso. Por isso, se a promessa de um corpo livre de gorduras já deixa os pré-obesos em pulgas, imaginem como eles ficam depois de ler 'a um preço económico'. Qual trabalho/escola/responsabilidades e demais preocupações mundanas? Eles vão é à farmácia mais próxima! Só precisam de saber o nome deste produto-maravilha…

Há uma piada fraquíssima que aparecia recorrentemente no meu feed do Facebook, que era qualquer coisa do género: quer ver-se livre da gordura facilmente e sem esforço? Use Super Pop!

Parece-me que a Super Pop gostou e decidiu aproveitar o trocadilho manhoso para fazer publicidade. Ao mesmo tempo, destroçou, por este Portugal fora, milhares de corações com paredes arteriais incrustadas de gordura a precisar de uma limpeza que seja suave para as mãos.

agosto 27, 2014

Tempos houve em que o pior presente que eu (e, suspeito, toda a gente) poderia receber era roupa interior. No caso de serem oferecidas meias, o que era frequente, também servia de roupa exterior. Roupa exterior foleira, que tentava esconder a todo o custo, mas visível ainda assim. Esses eram tempos em que pais, avós, tios, primos mais velhos, todos ofereciam roupa interior. "Porque é útil", diziam eles. "Porque nunca se tem de mais e dá sempre jeito", acrescentavam. Pois sim, mas continuava a ser impossível disfarçar a desilusão. A boca sorria, mas os olhos espelhavam a raiva que se reprimia ano após ano a cada mau presente. Havia ainda a versão 'roupa normal', o que também não era bom, mas pelo menos não havia aquele embaraço de olhar para as cuecas retiradas da bolsinha do pack de 4 e ter de dizer "isto não me vai servir" e ter de levar com o olhar de soslaio da tia que nos está a avaliar a cintura e as ancas e a pensar "comesses menos" ou assim.
Ah, a inveja que sentia das minhas coleguinhas, que chegavam à escola depois do seu aniversário/Natal e descreviam pormenorizadamente a amplitude de abertura dos membros da sua nova Barbie. Às vezes, a prenda também era roupa, mas roupa escolhida por elas, o que faz toda a diferença.

Os tempos, contudo, mudaram. Cheguei a um ponto na minha vida em que todas as minhas peças de roupa interior começaram a falhar em simultâneo. As meias estão a ficar esburacadas e demasiado gastas, as cuecas e soutiens estão com os elásticos frouxos.

Não parece grave? Todas as manhãs o meu grande dilema não é "ai, que não sei o que vestir! Não tenho nada no armário e/ou nada me fica bem". Com isso posso eu bem! Não, a minha maior preocupação é encontrar umas cuecas que não se enfiem sistematicamente no rego e um soutien que efectivamente me dê algum suporte, em vez de me fazer duvidar, de cada vez que desço umas escadas, se sequer tenho um vestido. Diria que tenho cerca de meia dúzia de cuecas que ainda não me deixam ficar mal, mas até essas estão a acusar cansaço com o constante uso. Em funcionáriopubliquês, cumpriram 40 anos de serviço, mas ainda têm 63 anos e a reforma parece cada vez mais longe, portanto isto está complicado.

O meu aniversário está quase a chegar e, em gritante contraste com a minha infância, como eu gostaria que todos os meus familiares e amigos se juntassem e me dessem um voucher de 250€ da Oysho para eu me perder em compras de roupa interior. Aliás, já nem peço uma Oysho ou uma Women's Secret. Desesperada como estou, o Continente ou o Jumbo já chegavam.

Acho que não preciso de ser mais clara.

agosto 26, 2014

How badass is that?

Fazer kettlebell ao som de Eye of the tiger.
Claro que hoje estou com pulso de velha com osteoporose…

agosto 06, 2014

Damn, I'm a goody two-shoes!

Hoje de manhã encontrei 5€. Quando os apanhei, ainda olhei em volta à procura de alguém a quem a nota pudesse pertencer. Incrivelmente, ninguém se acusou e teve de vir um toxicodependente, provavelmente acabadinho de afogar a ressaca, e dizer "são teus, menina. São teus" para eu assumir a coisa e continuar caminho.
Sou demasiado boa pessoa…

agosto 05, 2014

Damn, I'm drained

Estou tão a precisar de férias que me levanto de manhã já a pensar na perspectiva de me voltar a deitar no fim do dia. Nesse entretanto, praticamente tudo é um suplício.
Mais um sinal claro de que o meu prazo de validade como "jovem" está prontinho a expirar.